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Uso dos fones de ouvido requer um limite

Profissional dá dicas sobre como proteger e cuidar da audição e fala sobre a importância de se ter bom senso ao usar fones de ouvido

   

Nos dias de hoje, difícil não encontrar na rua, no ônibus ou em outros espaços, jovens com fones de ouvido. O uso do equipamento tem se tornado cada vez mais comum pelas pessoas, mas o que talvez poucas saibam é que a utilização excessiva dos fones prejudica a audição e, em longo do tempo, pode, até mesmo, causar surdez.

Para Lucas de Souza, 17 anos, estudante do segundo ano do ensino médio do colégio Cônego Albino Juchem (CAJ), os fones de ouvido são como amigos inseparáveis. Antes de dormir, é o equipamento que ele leva para o quarto. Ele comenta que chega a escutar música 19 horas por dia através dos fones de ouvido. 'Meus colegas falam que o volume é alto, mas eu já estou acostumado', complementa.

No momento, o jovem ainda não sente alguma dificuldade para ouvir, mas confirma que é preciso reduzir o tempo de uso dos fones. A meta é, em vez de 19 horas por dia, escutar música por nove horas. 'Vou tentar reduzir. Ainda é muito, mas de 19 para nove horas, tem muita diferença', comenta.

 BOM SENSO

De acordo com o otorrinolaringologista Renato Fragomeni, se a pessoa está com fone de ouvido, mas uma ao lado ouve o som também, é sinal de que o volume está alto. Como é difícil medir o volume do som, quem usa fones de ouvido necessita ter bom senso. Ainda ressalta que muitas pessoas, dos 30 aos 40 anos, são atendidas por ele e já se queixam sobre problemas de audição, porque, quando ainda mais jovens, ficaram muito tempo expostas ao barulho.

Transtornos

auditivos

O trauma acústico, por exemplo, costuma ocorrer a partir dos 75 decibéis, independente do tempo de exposição. O volume muito alto e repentino pode causar surdez imediata.

Os ouvidos dos jovens que usam os fones durante muito tempo, mesmo que o volume não seja alto, acabam por terem um tempo muito prolongado de exposição ao barulho, o que também pode causar um dano auditivo. 'É uma relação proporcional. A intensidade em pouco tempo causa dano, ou a pouca intensidade, mas com muito tempo de exposição ao barulho também causa dano', conclui.

Fragomeni explica que é difícil a pessoa que escuta muita música no fone de ouvido ficar surda de imediato. 'Apenas dá transtornos à medida que a idade vai avançando', complementa. O uso excessivo dos fones pode fazer as pessoas sentirem, ao longo do tempo, um zumbido. A evolução do transtorno faz surgir o que se chama de disacusia, ou seja, a pessoa ouve, mas não entende muito bem. Após isso, ocorre a perda auditiva.

CONSELHOS

Ao ir em festas em que o volume da música também é muito alto, ou ainda, se parar ao lado de uma caixa de som, por exemplo, é provável que a pessoa chegue em casa com um zumbido que pode passar ou não. 'Não necessariamente, nesses casos, a pessoa sente de imediato a perda auditiva, mas apresenta alguns sintomas', ressalta. Diante disso, é indicado que a pessoa não fique ao lado da caixa de som.

Ao jovem que, com frequência, utiliza os fones de ouvido, Fragomeni aconselha ter moderação e ouvir em volume baixo. Além disso, em um ambiente muito ruidoso, o ideal é utilizar um protetor auricular, ou seja, um pequeno tampão para abafar a exposição ao som.

PREJUDICIAL

De acordo com o otorrinolaringologista Renato Fragomeni, sons mais agudos são os que mais tendem a prejudicar a audição e que mais fácil se traumatizam. Além disso, ele acrescenta que quanto mais jovem, mais sensibilizada a pessoa fica, mas em qualquer faixa etária se está suscetível ao trauma acústico. Ainda acrescenta que, a partir dos 60 anos, começa a cair de forma natural a audição.

Como saber se escuto bem?

Durante a noite ou em um outro momento em que há mais silêncio, quando a audição está mais prejudicada costuma apresentar sintomas como zumbidos. Em casos mais graves, a pessoa ouve o que alguém fala, mas não consegue entender a mensagem transmitida. Como consequência, ela também opta por aumentar o volume da televisão quando vai assisti-la e necessita, sempre, que as demais pessoas falem mais alto para que seja possível entendê-las.

Fonte: Folha do Mate